FUNDOS VERDES COMEÇAM A ATRAIR INTERESSE DE PAÍSES EMERGENTES

TÍTULOS VERDES COMEÇAM A ATRAIR INTERESSE DE PAÍSES EMERGENTES

Os títulos verdes foram criados há 10 anos para financiar investimentos em favor da transição energética e ecológica. Nos últimos anos a medida tem se tornado cada vez mais popular. Este ano, a Indonésia, a Coréia do Sul e Hong Kong tiveram a adesão – em 2018, a “onda verde” já havia seduzido países como Nigéria e as ilhas Fiji.

Na América do Sul, o primeiro país a dar esse passo foi o Chile, que recentemente mostrou sua convicção “verde”. Seis meses antes de sediar a próxima Conferência anual da ONU sobre o Clima – que acontecerá em dezembro – o país captou US$ 850 milhões e, depois, € 861 milhões, para financiar infraestruturas de transporte coletivo ecológico, assim como projetos de energias renováveis e de gestão da água.“O Chile não é apenas um dos primeiros países do continente a se lançar” neste tipo de mercado, “também é um dos mais avançados na luta contra a mudança climática”, disse à AFP Tanguy Claquin, responsável mundial de finança social e ambiental do Crédit Agricole CIB, que fará parte dos bancos que vão dirigir a emissão em euros.

Verde e emergente

“O mundo emergente, assim como as economias desenvolvidas, está envolvido nestes desafios ambientais e sociais. Fazer uma emissão verde é um vetor excepcional para se afirmar nisso”, disse à AFP Frédéric Gabizon, responsável pelo mercado de títulos no HSBC, que faz parte dos bancos que dirigem a grande maioria das chamadas “operações verdes”.Algumas nações emergentes “atravessaram, porém, crises que afastaram a dívida verde de suas maiores prioridades”, explicou Claquin.

Na América Latina, o Brasil abriu mão de sediar a COP25 um mês depois da eleição do presidente de extrema direita Jair Bolsonaro, um cético sobre a mudança climática. Brasil, Turquia e Arábia Saudita estão entre os países que quase levaram ao fracasso o consenso sobre clima obtido durante a cúpula do G20 no final de junho passado, embora tenham, enfim, firmado um termo de compromisso.

Para Gabizon, contudo, “a tendência ao desenvolvimento econômico sustentável e duradouro é cada vez maior e, deste ponto de vista, os países emergentes também participam desse movimento planetário”. Desde 1º de janeiro, o valor total dessas emissões mundiais de títulos verdes alcançou US$ 147 bilhões no final de junho, segundo dados do HSBC.

Chile

O ano foi marcado, sobretudo, pela chegada triunfal da Holanda, que captou cerca de 6 bilhões de euros, seguindo os passos da França. Paris é uma referência neste âmbito, com uma primeira emissão de 7 bilhões de euros em janeiro de 2017. Agora, acumula cerca de 19 bilhões de euros. “Esta operação do Chile vai servir de exemplo e gerar outras. A tendência já está aí”, acredita Claquin.

Fonte: Exame online

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